Reviws Coachella
Alok marca presença no Coachella e mistura música eletrônica com discurso social e ambiental
“Art Needs Soul” foi a mensagem final do artista que enfatizou o valor insubstituível da criatividade humana.
20/04/2025 22h00
Por: Redação Fonte: assessoria de imprensa
foto: Divulgação

O primeiro final de semana de Alok no Coachella foi muito mais do que um simples show de música eletrônica. O DJ brasileiro, que já é uma referência internacional, trouxe ao palco Sahara Tent uma performance repleta de questionamentos sobre o impacto da tecnologia na arte e a necessidade de um retorno à autenticidade e à alma humana.

A grande mensagem do show veio ao final da apresentação, quando Alok estampou no telão a frase “Art Needs Soul”, enfatizando que, por mais que a tecnologia seja uma grande aliada na produção artística, a verdadeira arte precisa da criatividade e do sentimento humano.

A arte como resistência e reflexão

Diferente dos shows tradicionais de música eletrônica, Alok usou seu set para propor uma reflexão sobre o impacto da inteligência artificial (IA) nas artes. Acompanhado do grupo de street dance Urban Theory, o DJ apresentou um espetáculo em que os movimentos dos dançarinos formavam imagens simbólicas, como uma árvore e ondas psicodélicas. Essa performance foi diretamente inspirada no projeto The Future Is Ancestral, que busca ações de restauração ambiental na Amazônia e Santa Catarina, além de iniciativas culturais com povos indígenas.

A relação de Alok com as questões ambientais não é nova. O artista vem investindo em ações concretas em prol do meio ambiente, e esse ativismo foi mais uma vez destacado durante o show. A Rolling Stone norte-americana, por exemplo, descreveu como os movimentos dos dançarinos se transformaram em uma “enorme árvore”, uma metáfora para a preservação da natureza.

A conexão com as culturas indígenas

Outro ponto relevante no show foi a Coleção Som Nativo, uma iniciativa do Instituto Alok que conta com a colaboração da UNESCO. A coleção reúne mais de 100 cantos tradicionais e contemporâneos de sete povos indígenas, com letras em idiomas nativos e traduções para o português, inglês e espanhol. O lançamento dessa coleção está previsto para breve, e a ação visa contribuir com a Década Internacional das Línguas Indígenas.

Repercussão internacional

A apresentação de Alok no Coachella teve ampla repercussão na mídia internacional. A Reuters destacou a “vibrante mistura de batidas eletrônicas” que o DJ trouxe para o palco, enquanto o LA Times comentou sobre sua crítica à automação da inteligência artificial nas artes, salientando a visão crítica do artista sobre o avanço da tecnologia no setor.

“Precisamos estar conectados neste momento de transformação e entender que, sim, a tecnologia nos beneficia de muitas formas, mas também de que os humanos não podem ser substituídos, que há coisas que precisam de alma humana”, disse Alok em uma das entrevistas concedidas durante o Coachella.

A crítica social e ambiental, aliada à performance única de Alok, gerou debates sobre o papel dos artistas na indústria global de entretenimento. Se há uma demanda crescente por música eletrônica nos grandes festivais, também existe uma crescente responsabilidade de usar esses espaços para levantar questões relevantes e promover mudanças sociais e ambientais.

 A arte como ferramenta de transformação

A presença de Alok no Coachella não foi apenas uma exibição de sua habilidade técnica como DJ, mas também uma oportunidade para ele trazer à tona discussões importantes sobre o futuro da arte, da tecnologia e da preservação ambiental. Em um cenário em que a sobrecarga digital é cada vez mais evidente, Alok foi além da música e entregou ao público uma mensagem sobre a importância de manter a essência humana na arte e nas relações.